Saturday, February 24, 2007

O que os governantes e lobbys não querem saber ...






Os últimos anos apresentaram alguns desafios complicados aos governos, conflitos persistentes ataques terroristas, pandemias como o HIV/Sida e H5NU/Gripe das aves, a persistência generalizada da pobreza extrema e catástrofes naturais.


A resposta a estes desafios devia ter sido baseada prioritariamente princípios dos Direitos Humanos, infelizmente, demasiadas vezes não foi, pior ainda, continua a não ser.

De forma individual e colectiva os países, na pessoa dos seus dirigentes e governos continuam a advogar políticas que sacrificam os Direitos Humanos em nome de conveniências económicas e políticas. Até quando faremos (governantes e instituições) questão de voluntária e conscientemente ignorar que o respeito pelo estado de direito é essencial para a SEGURANÇA Humana?

Quanto estaremos dispostos a sacrificar ao enfraquecer os princípios dos Direitos Humanos, para um pseudo combate o terrorismo?


Por outro lado a ausência do respeito, protecção e cumprimento dos direitos económicos, sociais e culturais, afirma-se como uma negação diária dos governos e países ao desenvolvimento humano.

Tanto na ajuda a vítimas de catástrofes naturais, como no apoio a vítimas individuais de repressão política, apoio a vítimas de carências económicas, entre outras, são as actividades de pessoas comuns que envergonham os governos e os obrigam a agir.


A SEGURANÇA Humana exige que seres humanos esteja a salvo não apenas de genocídios, ataques terroristas, e da guerra, exige sim, acima de tudo e em primeiro lugar que a pessoa humana, toda a pessoa humana, esteja a salvo da fome, das doenças e de desastres naturais, da corrupção.


Senão vejamos:


Na guerra ao TERRORISMO, entendem os estados e governantes que os Direitos Humanos constituem um obstáculo e não uma pré condição à segurança humana, contudo apesar dos esforços dos mesmos, baseados na cerceação cada vez maior dos referidos Direitos, a verdade é que os ataques terroristas aumentaram, tanto em número como em diversidade de locais atacados bem como métodos utilizados.


A política de "guerra ao terrorismo" usada pelos E.U.A., onde se ignora quase por completo a existência de Direitos Humanos, convenções de guerra, direitos de prisioneiro e liberdade e autodeterminação dos povos, não deu frutos, vejamos o exemplo flagrante da guerra no Iraque...


Os abusos dos direitos humanos no contexto de políticas antiterroristas não se encontra contudo limitado aos E.U.A. e seus parceiros Europeus, na China as autoridades continuam a usar a guerra contra o terrorismo como justificação para exercer violenta repressão em toda a região autónoma de Xinjiang.


Na Justiça Internacional, verificaram-se nos últimos anos desenvolvimentos significativos no sentido de trazer perante a justiça responsáveis pela violação da lei internacional, incluindo crimes de genocídio, crimes contra a humanidade, crimes de guerra, tortura, entre outros, no entanto continua a mostrar-se impunidade nos tribunais nacionais dos países onde os crimes foram cometidos.


Em Outubro de 2005 o T.P.I. emitiu os seus primeiros mandados de captura contra 5 líderes do exército da resistência do senhor, por crimes contra a humanidade e crimes de guerra cometidos no Uganda, foi um primeiro passo, no entanto dezenas de outros crimes da mesma natureza, nesse e noutro país ficaram por investigar e punir.


Foi ainda maior desilusão o facto do Conselho de Segurança dos E.U.A., terem isentado cidadãos de países que não fazem parte do estatuto de Roma do T.P.I da sua jurisdição, criando dois pesos e duas medidas para a justiça e violando a Carta das Nações Unidas.


O tribunal especial para Serra Leoa, registou processos em três julgamentos, tendo sido acusados 9 suspeitos por crimes contra a humanidade e crimes de guerra, no entanto o governo local não hesitou em aplicar uma amnistia incluída no acordo de Lomé de 1999 ...


A nível Internacional os tribunais dependem do apoio firme dos Países bem como da sua vontade política, sem isso continuaremos a ser empíricos. No entanto o aumento do número de casos julgados a nível internacional pelas leis universais merece nota positiva.


Quanto aos Direitos das Mulheres, apesar das conquistas do movimento global de defesa dos Direitos das Mulheres, a discriminação e impunidade para com os crimes violentos contra as mulheres continuam a enfraquecer o direito fundamental das mulheres à liberdade segurança e justiça.

Lembro que Portugal continua na linha da frente dos números da vergonha nesta matéria, no que aos países desenvolvidos concerne!


Na Pobreza, o compromisso da Comunidade Internacional para "Fazer da Pobreza História" , desvanece a cada ano, a maioria das metas estabelecidas para cumprir em 15 anos, apresentam reduzidas perspectivas de serem cumpridas.

A actuação dos governos para diminuir e aliviar a pobreza e privações a nível global não é uma linha de marketing, é uma OBRIGAÇÃO internacional, imprescindível na LUTA e MANUTENÇÃO DA SEGURANÇA MUNDIAL.


Por todo o exposto se conclui que A SEGURANÇA humana colectiva não é nem está salvaguardada por abordagens estreitas à noção de segurança, só uma visão abrangente do seu significado bem como uma responsabilidade partilhada relativamente à sua protecção nacional e internacional poderão dar frutos.




10 comments:

Anonymous said...

Muito bem Maria do Mar, agora é só continuar e a toda a velocidade...verdadeiramente interessante. Serei um leitor atento...

Anonymous said...

Com venho da "toca do Túlio", fico como anônimo.
Quero apenas dizer que este blogue é verdadeiramente interessante.
ASS: "ABUSUS"

Anonymous said...

Temos de continuar a ter esperança, a viver com os olhos postos no horizonte, a desejar e a contribuir, sempre, para algo de melhor que permita aos homens a fuga ansiada e a libertação de todas as correntes.
Estás nesse caminho, parabéns...

Anonymous said...

Tendo em conta o interesse demonstrado no tratamento do tema da corrupção, aconselho vivamente uma visita ao seguinte endereço: http://www.cies.iscte.pt/. A este assunto também se refere o jornal Público de 24/02/2007.

Anonymous said...

Cara Maria do Mar,
está muito bom, mas não "comme il faut". Não quis a minha colaboração! Dê uma voltinha atenta que consegue encontar o mesmo que eu.
Continue.

Anonymous said...

Não acha um pouco caricato que o super juiz, Baltazar Garzon, tenha feito um ano sabático, exactamente nos EUA, a convite, sabe-se lá de quem e a ganhar umas "massas valentes" a botar faladura em conferências sobre "Direitos Humanos"? Será que os lobies ganharam a guerra? Ou pior ainda, será que notam que existe alguma guerra contra eles? Olhe nos EUA, são legais e perfeitamente regulamentados como deve saber.
Gostava de ver estes temas tratados mais junto das bases,mais perto daqueles e daquelas que sofrem no seu dia a dia, e, menos ao nível dos grandes conceitos, que segundo me apercebi foi o que aqui foi descrito.
Dê-lhes de força! Ou será, dê-lhes com força?
Olhe, vá-se a eles!

Anonymous said...

Pronto, acabou-se a pólvora....

Anonymous said...

Só nos resta aguardar expectantes.....

Anonymous said...

Ui. os meus amigos a comentarem este blog.

Forças de segurança....por aqui!???
Bem...na boa
Vou já sair.

"ABUSUS"

Anonymous said...

Well said.