Friday, March 23, 2007

Por falar em poesia ...


Em jeito de comemoração do dia da poesia, do inicio da primavera, por tantos e tão poucos motivos que nada importam porque são tudo o que importa... deixo neste meu pequeno mundo um timido verso, e uma grande pergunta, a que nenhum dos ilustres comentadores respondeu ainda, afinal Onde deixamos o amor? ...



Hoje ao ver-te ...

Desejei que o tempo ficasse sem tempo

Que os dias perdessem as horas,

Que os lugares ocultassem o espaço

Porque tudo o que penso, e tudo o que faço

Acaba em teu rosto, no lugar onde moras,

Então, perdida do momento

Longe e tão perto, sem freio nem esporas,

Pergunto à razão, ao coração,

Porque não estás aqui, porque tanto demoras...

Porque espero que o vento te traga,

Na ausência dos dias, na iniquidade das horas.


Maria do Mar

Sunday, March 18, 2007

Amar em Português..



Onde deixamos o AMOR?
No meio da hiperactividade das nossas vidas, entre as filas de trânsito caóticas, a sandocha mal engolida ao almoço e as tricas do escritório, pouco tempo nos sobra .... E a verdade é que deixamos de querer ter tempo para o AMOR, amor aos outros, amor a nós próprios, amor à vida e aos pequenos nadas que se tornam tanto... Afinal onde deixámos o AMOR?
Preocupa-nos o carro do vizinho, o saldo no banco, a peregrinação ao hipermercado, preocupa-nos a vida do vizinho, e a verdade é que nos esquecemos da nossa, pior, será que nos preocupamos com tudo isso apenas porque a nossa vida é vazia e desinteressante...
Já não há poetas?, já não há canções de amor?, já não há amor daquele que a Florbela, o Camões entre outros escreveram?... Quando foi a ultima vez que dissemos "Eu gosto muito de ti amigo/amiga"
Quando foi a ultima vez que olhamos alguém nos olhos e dissemos "A tua presença é fundamental na minha vida"
Quando foi a ultima vez que ajudamos alguém que precisava de nós, sem sequer conhecer essa pessoa?
Quando foi a ultima vez que passeamos na praia, olhámos o céu junto com a pessoa certa, e que lhe dissemos, sem o teu abraço, nada faz sentido?
Quando foi a última vez que olhamos nos olhos dos nossos pai, mãe, filho, irmão e lhes dissemos, obrigado por todo o amor que me dás, lhes dissemos, o meu tempo é o teu tempo, estou aqui sempre que precisares?
Afinal onde deixámos o AMOR?
Só para relembrar ...
Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida.
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão do meu viver
Pois que tu és já toda a minha vida!...
E, olhos postos em ti, digo de rastros:
«Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: Princípio e Fim!...»
Florbela Espanca


Amor é um fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.
"Luis Vaz De Camões"


Amor é chama que mata,
Dizem todos com razão,
É mal do coração
E com ele se endoidece.
O amor é um sorriso
Sorriso que desfalece.
Madeixa que se desata
Denominam-no também.
O amor não é um bem:
Quem ama sempre padece.
O amor é um perfume
Perfume que se esvanece.
Mário de Sá Carneiro






Saturday, March 17, 2007

Valores Europeus


O título deste quadro de Delacroix "A liberdade guiando o povo", pintado em 1830 (data sugestiva) parece-me adequado como introdução da postagem que hoje me apetece partilhar.

Retirado do site https://www.iheu.org/v4e/html/portuguese.html, que visa congregar esforços dos cidadãos europeus no sentido da afirmação e da defesa dos valores seculares/laicos da Europa, designadamente no âmbito de uma (previsivelmente) próxima iniciativa de retoma do projecto de dotar a União Europeia com uma Constituição Política, encontramos propugnados os seguintes valores;
Nós, o povo da Europa, aqui afirmamos os nossos valores comuns. Não se baseiam numa só cultura ou tradição, mas assentam em todas as culturas que conformam a Europa moderna.

Afirmamos o valor, a dignidade e autonomia de cada indivíduo e o direito de todos à maior liberdade possível compatível com os direitos dos outros.
Defendemos a democracia e os direitos humanos e procuramos para o maior desenvolvimento possível de cada ser humano.

Reconhecemos o nosso dever de cuidar de toda a Humanidade incluindo as gerações vindouras e a nossa responsabilidade e dependência da Natureza.

Afirmamos a igualdade de homens e mulheres. Todas as pessoas devem ser tratadas de igual forma perante a lei, independentemente de raça, origem, crença religiosa, idioma, género, orientação sexual ou capacidades.

Afirmamos o direito de todos a adoptarem e seguirem uma crença ou religião da sua escolha. Mas as crenças de qualquer grupo não podem ser utilizadas para limitar os direitos dos outros.
Defendemos que o Estado deve permanecer neutro em questões de religião e crença, sem favorecer nem prejudicar ninguém.

Defendemos que a liberdade pessoal deve ser combinada com a responsabilidade social. Procuramos criar uma sociedade justa baseada na razão e na compaixão, na qual cada cidadão possa desempenhar plenamente o seu papel.

Defendemos tanto a tolerância quanto a liberdade de expressão.

Afirmamos o direito de todos a uma educação aberta e completa.

Rejeitamos a intimidação, a violência e a incitação à violência na resolução de disputas e defendemos que os conflitos devem ser resolvidos através da negociação e por meios legais.

Defendemos a liberdade de investigação em todas as esferas da vida humana e a aplicação da ciência ao serviço do bem-estar humano.
Procuramos usar a ciência de forma criativa, não destrutiva.

Defendemos a liberdade de criação artística, valorizamos a criatividade e a imaginação e reconhecemos o poder transformador da arte.
Afirmamos a importância da literatura, da música e das artes visuais e do espectáculo para o desenvolvimento e realização do ser humano.
Após visita a este endereço, de imediato me ocorreu, alguem se esqueceu de informar os líderes europeus, lobbys económicos e parceiros da existência deste site, porque na definição das políticas e legislação Europeia eu não encontro reflexo dos proclamados valores ...
E ao Sr. Eng.º alguem o avisou?
Bizarro!
Maria do Mar

Wednesday, March 14, 2007

Mar Português



Mar Português
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma nao é pequena.
Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu.

"Fernando Pessoa"

As palavras, dizia Pessoa, são etiquetas que se colam às coisas. O poeta da angústia existencial, da depressão, da melancolia, percebeu a crise da Humanidade e utilizou isso como matéria-prima essencial da própria escrita, da própria vida.


No poema o MAR PORTUGUÊS, o mar é simultaneamente espelho e abismo, onde a alma se perde no sonho e depois do sonho se reflecte num projecto de futuro esplendoroso porque plenamente espiritual e desligado da terra.




O poeta, o génio, reconhece que nada mais há a buscar no mar físico, mas que resta a exploração do mar espiritual.

Um primeiro ciclo exauriu-se: o da descoberta do mar. Um novo ciclo se anuncia: a segunda vinda, a descoberta da alma, do mar espiritual.
É a água, o elemento água, a paz, a solidão, a reflexão, o contínuo movimento de renovação e desafio que permite a revelação da profecia.

É a água que simboliza a latência do sonho, a água nua, despida e apenas espelho ou abismo, que mostra e que esconde. Combinação proibida de opostos.
O sofrimento e a dor marcam a viagem ás ilhas afortunadas da alma, porque nenhuma grande descoberta se faz sem sacrifício de monta e relevo.
Em Pessoa há a revelação de uma verdade interior, reservada a quem empreenda a viagem sem destino que é perder-se de si mesmo.

Pessoa percebe, alcança longe, mais longe que o tempo e o espaço de que dispõe, que o começar da nova aurora neste Império Espiritual é algo mais do que a presença diáfana de um vasto território dominado por uma só língua e um só povo, é antes um horizonte sem fim em que se atinge a irmandade dos homens, a paz intemporal.
Este poema, este poeta, são exemplo de como podemos ser GRANDES, de como nos basta a alma, para impôr vontades, valores e verdades.

Apetece-me acreditar que o Mar Português, está latente em todos nós, e que um dia, libertos dos medos dos monstros e do abismo que o mar eventualmente reflecte, veremos apenas o brilho do sol e da lua espelhados na alma.


Maria do Mar






Saturday, March 10, 2007

A Liberdade a Democracia e o Terrorismo ...


O terrorismo veio ao longo dos tempos a ganhar significados variados e polivalentes, divergindo o modo como se entende e classifica o fenómeno, consoante a parte que o descreve e os interesse que se pretendem salvaguardar...
É um fenómeno antigo, já na antiga Grécia se falava em terrorismo, mas a verdade é que há algo de terrivelmente preocupante na utilização estatal que lhe é dada...
Senão vejamos: Hitler, Mao, Guerra fria, URSS, Sérvia, Iraque, a verdade é que foi e é em nome da segurança e defesa dos cidadãos que se foi utilizando o TERRORISMO, para viabilizar e justificar os maiores massacres a povos e nações inocentes, a etnias inteiras...
O termo terrorismo de estado foi criado para caracterizar governos ou regimes ditatoriais, autoritários ou totalitários em que direitos individuais ou de grupos são consciente e sistematicamente violados, o que me deixa apreensiva é que analisando as políticas concertadas dos E.U.A. e de grande parte dos países Europeus, dos quais Portugal faz parte, facilmente me ocorre uma aterradora ideia...
E se a ideia de Segurança que tanto desejamos, e que diariamente nos entra através da janela mágica pela casa dentro, mais não fosse que uma manobra de diversão para nos encaminhar ordeiramente para um mundo totalitário desrespeitador das liberdades individuais e de todos os direitos fundamentais que tanto nos custou a conquistar?
Lunaticamente poderíamos ainda supor que a maioria dos mediáticos atentados terroristas modernos, nomeadamente o ataque às torres gemeas(world trade center) foram desenhados e perpetrados pelos próprios estados com vista a ganharem legitimidade política para seguirem o caminho do absolutismo obscuro e monopólico(como aliás várias teses sustentam)
Por isso hoje, decidi deixar neste meu pequeno mundo, um pedido a todos que por aqui passem, para que não se deixem cair na anorexia política, na abstracção das nossa pequenas vidas, estejamos atentos e lutemos pelos nosso direitos.
Afinal até onde estamos dispostos a ir, que caminho queremos tomar nesta era global? Quanto da nossa liberdade que com sangue e morte defendemos, estaremos dispostos a dar, em troca de uma ideia de segurança teórica e cerceadora de pensamentos e palavras, liberdades e direitos?!
Isto para que daqui a poucos anos não venhamos a ser, quem sabe um bando de dissidentes pensadores, nostálgicos de poder fumar um cigarro ou um charuto, nostálgicos de poder comer uma costeleta com osso, de poder andar de minissaia sem ser apedrejadas, de poder ler um livro sem levantar suspeitas, de poder ser sem ter um "chip" controlador(cartão unico de cidadão), nostálgicos da liberdade perdida...
Maria do Mar

Thursday, March 8, 2007

A melhor homenagem à mulher ...



Segundo o Conselho da Europa, a violência contra as mulheres no espaço doméstico é a maior causa de morte e invalidez entre mulheres dos 16 aos 44 anos, ultrapassando o cancro, acidentes de viação e até a guerra.

Este dado internacional, se relacionado com os indicadores disponíveis em Portugal (embora apenas indicativos e ainda a necessitar de confirmação mais rigorosa) que sugerem que semanalmente morrem mais de cinco mulheres por razões directas e indirectamente relacionadas com actos de violência doméstica, dá-nos uma fotografia de uma realidade que nos ofende na nossa dignidade humana enquanto pessoas, e na nossa condição de cidadãos portugueses.

Não podemos ignorar, no entanto, que a grande maioria de situações que prefiguram casos de violência doméstica são ainda as exercidas sobre as mulheres pelo seu marido ou companheiro. Este tipo de violência doméstica tem significativas implicações políticas, sociais e até económicas e constituiu uma gravissima violação dos direitos humanos com raízes históricas e culturais.

Na sua origem está, a infeliz persistência de flagrantes desigualdades entre as mulheres e os homens.

A Constituição da República Portuguesa, uma das mais avançadas da EUROPA preconiza, no seu artigo 9º alínea b), entre as tarefas fundamentais do Estado a de "garantir os direitos e liberdades fundamentais e o respeito pelos princípios do Estado de direito democrático", assim como na sua alínea h), a de "promover a igualdade entre homens e mulheres".

O princípio da igualdade (artigo 13º), e o direito à integridade pessoal (artigo 26º), entre outras disposições constitucionais, reforçam esta tutela que apesar de constitucionalmente protegida é sistematicamente violada.

Várias orientações (normativas e outras), e programas de acção têm sido adoptados no que toca à violência, nomeadamente doméstica.

No âmbito das Nações Unidas, a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres, adoptada pela Assembleia Geral em 1979, deu um grande passo ao proibir todas as formas de discriminação contra as mulheres, nelas se incluindo a violência.

Na mesma linha vai a Resolução nº 48/104, de 20 de Dezembro de 1993, contendo a Declaração sobre a Eliminação da Violência contra as Mulheres. Igualmente determinantes foram a 4ª Conferência Mundial sobre as Mulheres, Pequim, 1995 e Sessão extraordinária da Assembleia Geral das Nações Unidas "Mulher 2000: Igualdade entre os Sexos, Desenvolvimento e Paz no Século XXI.

Merece um relevo particular a muito recente Resolução da Comissão dos Direitos Humanos, 2002/52, sobre a Eliminação da Violência contra as Mulheres.


Também o Conselho da Europa abordou o assunto de diversos modos e desde há vários anos, tendo o Comité dos Ministros adoptado, a 30 de Abril de 2002, da Recomendação Rec ( 2000) 5 sobre a Protecção das Mulheres contra a Violência.

Estamos perante um problema velho para o qual urge encontrar respostas novas.

O governo Português elaborou o II Plano Nacional Contra a Violência Doméstica, trata-se de um Plano ambicioso: tanto pelo número e características das medidas apresentadas que requerem, quase todas, a colaboração transversal entre diversos organismos públicos; como pelo rigoroso calendário que se propõe cumprir.

Mas, vejamos os números ...2006;

Segundo estatística realizada pela APAV e INE, de um total de 15.758 crimes registados pela APAV, cerca de 86% foram crimes de Violência Doméstica. De entre estes 13.603 crimes, destacaram-se os crimes de maus tratos psíquicos (32,2%) e os crimes de maus tratos físicos (31,1%).

Quanto ao género da vítima e do autor do crime, em 2006 o contraste era mais uma vez notório, uma vez que as vítimas eram essencialmente mulheres (90,6%) e os autores de crime homens (90,3%).

Em termos de faixa etária das vítimas, as idades compreendidas entre os 26 e os 45 anos (33,9%) destacavam-se. No caso dos autores de crime, estes situavam-se maioritariamente entre os 26 e os 55 anos de idade (37,9%).

Quanto à variável do nível de ensino, não é possível destacar nenhum dos valores apresentados. Tanto no caso das vítimas como no dos autores de crime, o equilíbrio entre os diversos graus de ensino predominava.

Mais grave ainda no que ao autor do crime concerne, a nível de profissões, é que o autor é , Pessoal dos serviços directos e particulares, de protecção e segurança são em 2006, num total de 244, ou seja 5%, apena suplantados pelo grupo dos desempregados e reformados - 13,3% ...

Portanto neste dia Internacional da mulher, a melhor homenagem que podemos prestar é lembrar que quase nada mudou neste aspecto e que não basta mudar as leis há que mudar as vontades e evoluir no pensamento.

Saturday, March 3, 2007

As multas, a EMEL e a constituição...


Os fiscais da Empresa Municipal de Estacionamento de Lisboa (EMEL) começaram em 19/02/2007 a multar e rebocar os carros mal estacionados junto às zonas de parqueamento com parquímetros.


"Os novos agentes são credenciados pela Direcção-Geral de Viação e vão começar a autuar as viaturas estacionadas em segunda fila ou em cima dos passeios nas áreas circundantes às zonas de estacionamento" de duração limitada, onde funcionam os parquímetros a EMEL.


A medida faz parte das alterações dos estatutos da Empresa Municipal de Estacionamento de Lisboa (EMEL), aprovadas a 24 de Outubro pela Assembleia Municipal de Lisboa, que reforçam os poderes dos fiscais da empresa.

A empresa de estacionamento tem um corpo de fiscais equiparado a agentes da autoridade, mas que apenas tinham autoridade para autuar nas zonas tarifadas da EMEL.


As novas atribuições dos fiscais da EMEL derivam da revisão do Código da Estrada, operada através do decreto-lei nº 44/2005, de 23 de Fevereiro, que atribuiu às câmaras municipais mais poderes de fiscalização do trânsito. Os estatutos da EMEL foram aprovados em Assembleia Municipal com os votos favoráveis dos deputados do PSD, CDS-PP e PS, e os votos contra do PCP, PEV e BE.

Não é preciso ser jurista ou ter qualquer formação em direito para que, ao ler esta notícia, automaticamente nos assalte a dúvida? Então mas os "agentes" são autoridade? Equiparados à autoridade? E formação específica têm?

ISTO É CONSTITUCIONAL??????
O constitucionalista Bacelar Gouveia manifestou já dúvidas sobre a legalidade dos poderes atribuídos aos fiscais da empresa municipal e sugere a quem for autuado que não pague e leve o caso a tribunal.

Em seu entender, está-se “a atribuir a "agentes" de uma empresa municipal, que têm o dever de fiscalizar do espaço que foi concessionado, uma jurisdição do espaço que não lhes foi concessionado”.

Afirma ainda “Isso parece-me um desvirtuamento da própria autoridade policial e da lei no que respeita à distribuição do espaço em que cada um pode exercer a sua jurisdição.

Além disso, se isso pega moda, então qual é a função das polícias, da GNR, da PSP em matéria de regulamentação e de fiscalização do trânsito rodoviário?”, questiona Bacelar Gouveia, sublinhando que “as polícias garantem – coisa que os agentes da EMEL não fazem – especial cuidado e formação específica em matéria judicial e de imparcialidade”.

Assim, diz o constitucionalista, o cidadão que for multado por um agente da EMEL, pode pura e simplesmente não pagar e suscitar junto dos tribunais um esclarecimento.

“Se isso for feito em massa, poderá suscitar um movimento interessante de obrigar o município de Lisboa a um esclarecimento em relação à situação que foi criada”, diz ainda.

Com o aumento dos poderes dos fiscais da EMEL, a Câmara de Lisboa pretende evitar o estacionamento por vezes caótico na cidade. Intensifica, assim, a fiscalização e a repressão sobre os automobilistas que não cumprem o Código, deixando o carro mal estacionado.

Os novos "agentes" (mais de 50) são credenciados pela Direcção-Geral de Viação, mas, de acordo com a Deco – Associação Portuguesa de Defesa do Consumidor, tem de haver formação específica.

“É obrigatório por parte da EMEL, uma vez que vai assumir funções e competências equiparadas a um órgão de polícia, que aposte fortemente numa formação adequada aos seus agentes, em termos cívicos e de bom-senso e discernimento na altura de multar..."

A verdade é que até há presente data não têm formação específica, duvida-se até se terão alguma espécie de formação além da técnica do"agente encoberto"...

Grave é também o facto de não ser possível pagar o parquímetro sem moedas (notas pelo menos)... e não ser possível pagar mais que 2 Euros, o que implica que se eu estiver mais que 4 horas num determinado local, vou ter que me deslocar ao parquímetro para "reabastecer"...

Quanto à C.M.L. talvez não fosse má ideia, já que se preocupa tanto com o trânsito caótico na cidade, repensar os transportes colectivos disponíveis, qualidade e comodidade, horários, preços, formação motoristas.....

Pensava eu nestas matérias, quando de repente fez-se luz, ... Percebi então que a extinção da Brigada de Trânsito " não é uma machadada à prevenção rodoviária e ao combate à sinistralidade", afinal temos os Sr. "agentes" da EMEL ...