Saturday, May 19, 2007

Vivemos à superfície sem raízes nem sonhos...


Convenhamos, não nascemos numa época fácil, o nosso tempo é de cepticismo e desencanto generalizado, vivemos à superfície sem raízes nem sonhos...
Os chineses no Taoismo colocavam o homem como a síntese e o equilíbrio das forças Yin (a energia da terra) e Yang (a energia do céu), hoje poderiam os filósofos, se ainda os houvesse, colocá-lo não como o equilíbrio ente estes dois pontos, mas seguramente como pólo destrutor do equilíbrio das mesmas...
No desenrolar destes pensamentos surge-me a dúvida lancinante, o que nos move? E já agora para onde?...
Platão acreditava que o amor era por excelência o motor da filosofia e da vida, e a nós será o amor que nos move? A resposta é óbvia e pronta, olhemos para o que fazemos ao planeta, para a destruição que nos rodeia, para o ódio que nos consome e corrói a alma, e para a solidão triste em que vivemos na globalidade ...
Não definitivamente não é o amor que nos move.
Deslocamo-nos furiosamente e em velocidade para ... o vazio, e na nossa pressa em lá chegar deixamos para trás tudo que nos fez HUMANIDADE...
Concluo com alguma relutância que o que nos move é a louca vontade do prazer consumista imediato e insaciável, materializado num pequeno objecto desmaterializado, pequeno e sujo.
Hoje é nos dado a acreditar que tudo nos é legítimo, queremos e podemos tudo, desde que promova a ilusão do prazer rápido e imediato.
Não é a religião mais o ópio do povo, mas sim prazer, a satisfação imediata de desejos e fantasias, pagas a peso de ouro. O presente é tudo, desvalorizámos por completo os ensinamentos do passado, despreocupa-nos em absoluto o futuro a legar aos descendentes. O Maniqueísmo com tudo de mau que comporta, é passado, entramos de novo num Neoplatonismo, ou seja no cepticismo ...
Esperemos que tal como em Sto Agostinho o próximo passo seja a crise existencial e daí consigamos passar para a construção de uma nova humanidade desta vez de facto HUMANIZADA ...